Pesquisas apontam ainda que uma redução do tempo de atividade ao ar livre pode ter relação no expressivo crescimento do número de casos da doença. Mas a principal preocupação dos estudiosos da área sobre a incidência de miopia no mundo está relacionada a um esforço visual excessivo desde a infância, que deriva do uso contínuo de tablets, smartphones e computadores.
A miopia é definida como um distúrbio de refração em que os raios luminosos formam o foco antes da retina. Assim, uma pessoa míope consegue ver objetos próximos com nitidez, mas os distantes parecem borrados. A doença é relativamente simples, se leve ou moderada, mas quadros graves estão associados a um risco de descolamento da retina, catarata precoce, degeneração macular e glaucoma.
Prevalência da miopia no mundo
Nos Estados Unidos a miopia atinge 25,7% da população entre 12 e 17 anos e 42% da população adulta. Estudos recentes indicam que houve um aumento de 62% na prevalência da miopia em jovens chineses de Hong Kong. Investigações revelam uma tendência semelhante à prevalência nas sociedades ocidentais, com um aumento de 70% em apenas uma geração, indicando que a causalidade ambiental é um fator determinante na progressão da miopia. Se confirmada a expectativa dos estudiosos, a doença irá atingir um terço da população mundial nos próximos anos, tornando-se uma verdadeira epidemia.
Um estudo populacional do Centro Médico da Universidade de Mainz reforçou a tese de que níveis mais altos de escolaridade também resultam em uma prevalência maior de miopia. Os pesquisadores avaliaram mais de 4.600 alemães, com idades entre 35 e 74 anos, excluindo aqueles que tiveram catarata ou passaram por cirurgia refrativa. Os resultados revelaram que, em indivíduos de graduação universitária, a proporção de míopes foi maior (53%) do que naqueles de nível secundário (34,8%) ou primário (34,7%), e uma incidência menor ainda foi registrada nos indivíduos sem formação profissional (23,9%).
O estudo também analisou o impacto de 45 marcadores genéticos associados à miopia na mesma população, mas concluíram que o nível de escolaridade teve um impacto mais forte na ocorrência do problema.
Tratamentos, controle e prevenção
Estimular atividades ao ar livre entre crianças e jovens, além de controlar o uso exagerado de celulares e demais dispositivos tecnológicos pode servir como coadjuvante no controle do aumento dos casos de miopia. Uma atenção ao uso de óculos com a devida proteção aos raios ultravioletas também é essencial no caso de exposição ao sol.
No caso do diagnóstico de miopia, o tratamento medicamentoso com dosagens milésimas de colírio de atropina, sob controle expresso do médico oftalmologista, tem sido descrito como uma das terapias mais efetivas no controle e desenvolvimento da doença.
Há também um tratamento que permite a correção visual da miopa enquanto o paciente dorme. É a Ortoqueratologia, uma terapia corretiva de miopia transitória que consiste na adaptação de lentes de contato de curva reversa, com a finalidade de alterar o formato da córnea do paciente. Estudos demonstram que o tratamento contribui para um retardo no crescimento axial do olho, resultando em uma correção temporária da miopia.
Esse tipo de terapia corretiva, que começa a ganhar espaço no Brasil, existe há décadas nos Estados Unidos e na Europa. Mas foi a partir da evolução dos materiais das lentes de contato que a Ortoqueratologia passou a ser considerada uma opção viável, para trazer mais qualidade de vida a milhares de pacientes portadores de miopia.
